A prática do home office, que consiste em transformar um cômodo da casa em um escritório, tem se disseminado com grande velocidade. Colabora para isso uma sutil transformação nas relações de trabalho, com empresas mais flexíveis quanto ao rendimento dos profissionais e uma disposição das pessoas em usarem o espaço da própria casa como ambiente de trabalho. Mas, para que essa proposta seja positiva, é preciso ficar atento a alguns detalhes, como respeitar as convenções estabelecidas no condomínio.
O advogado especialista em direito imobiliário Rafael Accioly explica que não há grandes restrições jurídicas quanto à prática do home office, desde que a atividade não interfira no uso comum do prédio. “É importante que o próprio condomínio estabeleça as normas durante as reuniões. A utilização do apartamento como escritório para atividades mais intelectuais não gera grandes problemas, a não ser que o morador passe a receber visitas de clientes”, explica. O especialista analisa que, caso esteja previsto no regulamento, o síndico pode aplicar advertências e solicitar o cancelamento da atividade. Quando se trata de inquilino, Accioly explica que o exercício irregular de uma atividade comercial pode provocar o cancelamento do contrato.
Para a professora Sônia Calado, doutora em comportamento, a utilização do escritório em casa é mais adequada para profissionais que trabalham isolados. “Se você precisa receber visitas ou realizar reuniões, é mais interessante manter uma sede própria ou até mesmo alugar, por hora, um espaço comunitário, que atenda a todas as necessidades de uma empresa”, sugere a professora.
Trabalhar em casa traz uma série de vantagens, mas oferece um bom número de tentações para desviar a atenção. É o caso de Bruno Lapenda, empregado de uma multinacional voltada para seguro de viagem. Assim que ele foi contratado, a empresa já adotou o sistema home office. “Nunca tive problemas com o condomínio porque não recebo os clientes. Mas a dificuldade foi articular com a familia a ideia de que o meu trabalho é em casa. Fazê-los entender que estou em serviço”, conta.
Além da preocupação com o regulamento do condomínio, é válido investir na decoração e no mobiliário. A arquiteta Giuliana Zirpoli afirma que a escolha de uma boa decoração ajuda a passar a sensação de um ambiente de trabalho. “Existem várias maneiras de oferecer um clima mais formal sem negligenciar a interligação com a casa”, aponta. Entre as dicas, ela cita que é importante a iluminação branca, deixando o ambiente mais alerta, e um mobiliário planejado, que ofereça conforto e funcionalidade para quem vai utilizá-lo.