O quarto de empregada vem perdendo cada vez mais espaço na arquitetura dos novos empreendimentos. Quem afirma são as próprias construtoras e as principais entidades do mercado imobiliário. Com unidades cada vez mais compactas, o famoso quarto - pelo menos com a função de quarto - desaparece e, quando presente na planta, o próprio morador resolve oferecer um novo destino para o espaço.
O professor de história Matheus Martins e sua família passaram por uma extensa trajetória até o atual o formato do quarto. “Não era nossa intenção morar num apartamento com dependência. Inclusive, na hora da compra, o plano era torná-lo parte da despensa. Mas ele passou por várias fases: foi depósito durante a reforma, foi o quarto do meu irmão e, hoje, é uma espécie de escritório porque é um lugar arejado”, explica.
Já a professora Patrícia Santos resolveu adaptar o local para acomodar objetos. Morando de aluguel há 6 anos, ela diz que não tem empregada e o apartamento é pequeno. “Para não deixar um espaço vazio e amontoar as coisas pela casa, resolvemos guardar material de limpeza na dependência”, diz.
O mercado imobiliário observa esse movimento como uma alteração no hábito cultural dos moradores. Para Gildo Vilaça, vice-presidente da Ademi-PE, o quarto de empregada se torna importante de acordo com o segmento. “Existe morador que não vê necessidade no quarto para funcionário e valorizam apenas um espaço mais reduzido, com um banheiro, porque contratam mais diaristas. Mas há ainda aqueles que consideram indispensável o quarto. É um público de alto padrão, com famílias maiores e que contrata funcionários que dormem no apartamento”, analisou Vilaça.
O presidente da Ademi-PE ainda atribui essa alteração no formato das dependências à PEC das domésticas, lei que regulamentou a profissão, exigindo pagamento de hora extra ao empregado.
Já Petrus Mendonça, presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-PE), reconhece que há uma queda, mas adverte que o espaço ainda é importante: “Se não existir dependência de empregada, o imóvel é desvalorizado. As pessoas ainda desejam um local para servir de depósito e guardar objetos da casa ou, se possível, integrá-lo a outro cômodo”.