Já pensou em convidar os amigos e familiares para um almoço de domingo e recepcioná-los num salão de festas com características do início do século 20? Apesar de um pouco anacrônico, isso não é impossível, principalmente em uma cidade que respira história. No Recife, tem sido uma tendência entre as construtoras valorizar os novos projetos preservando as edificações antigas, seja incorporando-as à estrutura do condomínio ou transformando em estabelecimentos comerciais. O que não pode é descaracterizar as marcas da memória.
O bairro das Graças ainda preserva cenários do Recife de outros tempos. Atenta a essa identidade da região, a construtora A.C Cruz resolveu investir em um empreendimento vertical sem se desfazer da elegância de um imóvel antigo. "Havia muita memória afetiva naquela casa, que pertencia a uma familia tradicional. Por isso, resolvemos erguer o Villa D'Almeida e incorporar a antiga casa, fazendo dela um espaço mais reservado do condomínio", explicou André Callou, diretor-executivo da empresa.
A Conic tem desempenhado o mesmo papel no centro da cidade. Os empreendimentos Grand Tower Boa Vista e o Residencial Boa Vista estão sendo erguidos no terreno onde funcionava Instituto Psiquiátrico Luís Inácio, no bairro da Boa Vista. "Aqueles imóveis não estavam catalogados nem definidos por lei para preservação, mas decidimos conservá-los. No futuro, podem cotinuar colaborando com a paisagem do centro", explicou o CEO da Conic, Lucian Fragoso.
Alguns projetos já são bem conhecidos pela população, como o Edifício Castelinho da Moura Dubeux, na Avenida Boa Viagem, e o Margarida Renda Colonial da Carrilho, no Espinheiro. Ambos têm em comum a conservação de antigas edificações e o uso delas para a área comum do condomínio. Outros ainda estão nascendo, como é o caso do Graças Prince Vanguard, da Pernambuco Construtora.
Elka Porciúncula, assessora técnica da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco( Ademi - PE), analisa esse comportamento como uma ação positiva do mercado. "A cidade é um organismo vivo, que evolui, que tem vida própria e que tem toda uma história afetiva. Por isso é importante esse movimento de modernizar sem perder a identidade", explica. Ela também aponta que essa prática tem que está associada ao sentido de utlidade pelo usuário. "Não adianta preservar se, no final das contas, aquele potencial histórico não será aproveitado".