postado em 20/01/2014 10:35
/ atualizado em 20/01/2014 11:09
Portal Uai
No projeto de quarto de casal, a arquiteta Fabiana Visacro usou persiana para dar um toque artesanal sem perder o ar requintado
Material ideal para a decoração sustentável, o bambu proporciona ao ambiente uma decoração elegante, harmônica e com ar natural. O toque de rusticidade é um outro plus para o espaço, que, certamente, ganha em personalidade. Ainda pouco utilizado pelos brasileiros, o bambu permite criar uma variedade de produtos e versatilidade de uso que vão desde utensílios domésticos até sua utilização em pisos, paredes, mobiliário, construções habitacionais e paisagismo. Aliás, na cultura chinesa, a planta ornamental atrai prosperidade, fortuna e ativa a energia. Sem falar que, nas demais funções, o bambu é prático e durável. Há produtos de qualidade no mercado, que recebem tratamentos eficazes que vão se encaixar dentro da necessidade de cada projeto, seja ele paisagístico, de arquitetura ou de design de interiores.
Lúcio Ventania, mestre bambuzeiro e diretor do Centro de Referência do Bambu das Tecnologias Sociais (Cerbambu Ravena), reforça que o bambu combina com qualquer decoração. Ventania afirma que, por ser uma planta tão versátil, ele pode estar presente nos ambientes. Na cidade, ele traz despojamento e a marca da tão desejada sustentabilidade. No meio de eletrônicos e dos materiais sintéticos, peças de bambu dão um toque ecológico sem criar conflito. Já nas casas de campo e de praia, móveis e objetos da planta se apresentam como elemento de integração. Em empresas, o material cumpre o papel de harmonizador, deixando as pessoas com a sensação de que um mundo mais natural é possível, e em restaurantes ou lojas traz, além de elegância, a descontração necessária ao dia a dia.
A arquiteta Fabiana Visacro diz que o bambu é acolhedor. Em um de seus projetos, ela usou persiana para dar um toque artesanal sem perder o ar requintado de um quarto de casal. Fabiana pontua que ela é durável, prática, pode ser limpa com um espanador, não precisa lavar como a persiana tradicional ou dar manutenção. Além disso, ela destaca que o modelo de bambu ainda dispensa o uso do blecaute, já que veda bem.
Peças desenvolvidas pelo mestre bambuzeiro Lúcio Ventania
Mas Fabiana acha importante mesclar materiais ao montar o ambiente. Ela não indica escolher só materiais frios ou densos, como a madeira. Para a arquiteta o bacana é distribuir os vários tipos. Ao misturar o bambu com vidro, sisal ou madeira, o resultado é um espaço mais rico e equilibrado. Ela afirma que não é pesado e fica ainda mais bonito com toques de sarja e algodão. Um espaço clean, limpo, com aço escovado e branco fica impessoal. A regra é evitar excessos e encontrar o meio-termo.
De acordo com a arquiteta, o bambu em peças-chaves dá outra cara. Ela sugere um pufe revestido de palhinha ou futons como opções legais, que renovam a decoração. Ela diz que é importante não ficar preso a um estilo de peça e as de bambu, além de bonitas, são funcionais. Vale lembrar que o revestimento de bambu dá sensação de acolhimento, contribui para uma boa acústica e traz frescor. Uma sugestão prática é criar um painel como solução para camuflar o motor do ar-condicionado no terraço, na varanda. É removível e a manutenção é superfácil.
PREGOS
Lúcio Ventania ensina que o bambu é matéria-prima ecologicamente correta, durável e de alto rigor estético. Ele explica que, comparado com países que usam a planta para diversos fins, como China, Japão, Equador e Colômbia, o Brasil está bem atrasado. Vantania diz que aqui, desde a chegada dos portugueses, a exploração madeireira brecou o interesse pelo bambu, rebaixando o seu status. Contudo, gradativamente, ele conquista mais espaço, tanto no mundo acadêmico quanto no produtivo e comercial.
Luminária também assinada por Lúcio Ventania
O mestre bambuzeiro lembra que o bambu precisa de tratamento para evitar o ataque de brocas e fungos, além de cuidados técnicos como época de colheita, maturidade da planta e a escolha da espécie certa para cada fim. Ele afirma que uma peça de bambu benfeita, trabalhada por um artesão consciente, pode durar décadas no interior de uma casa sem causar qualquer problema ao consumidor. O mestre bambuzeiro explica que o bambu tem propriedades físicas e mecânicas atraentes, como resistência à tração (comparável à do aço) e resistência à compressão (superior à do concreto armado). Ele pontua que as técnicas para confecção de produtos em bambu, por exemplo, não utilizam pregos, parafusos, colas e vernizes.
CONHEÇA ALGUNS TIPOS
Bambu-chinês: tem colmos verde-escuros e folhas compridas e largas, verde-claras. Fornece material pouco resistente e, por isso, é utilizado em marcenaria e cestaria, porém é excelente para lenharia. Seus brotos são comestíveis. Também é conhecido como bambu-bengala e bambu-verde.
Cortina de bambu funciona como divisória no projeto de Maluh Amorim
Bambu-gigante: tem colmos que atingem até 36m e cresce cerca de 94cm por dia, grandes folhas acuminadas (terminadas em ponta) e flores verdes, depois amareladas e pardo-claras. Originário da Malásia, floresce a cada 30 anos e é cultivado como ornamental, já que os largos colmos cortados servem de vasos ou baldes. É muito utilizado em construção. Também é conhecido por bambu-balde.
Bambu-imperial: nativo do Japão, tem colmos amarelos com listras verde-claras e é cultivado como ornamental.
Bambu-maciço: tem colmos maciços ou com cavidade reduzida, flexíveis e elásticos. Originário da Índia e da Birmânia, é muito resistente e é utilizado na construção de pontes. Suas sementes são comestíveis. Também conhecido como bambu-cheio-chinês, bambu-de-caniço, bambu-de-pescador e bambu-macho.
Bambu-preto: espécie nativa da China e do Japão. Fornece excelente matéria-prima para bengalas e cabos de guarda-chuva.
Bambu-taquara: é conhecido e usado desde os tempos dos povos nativos da América do Sul, que lhe davam as mais diversas utilidades, desde o uso de seus colmos ocos como pequenos recipientes, canudos para diversas finalidades (inclusive na zarabatana), como vigas e travessas para a construção de suas habitações. É usado para a fabricação de pífanos – instrumento musical do Nordeste brasileiro de origem indígena e europeia, também conhecido como pife.
Bambu-trepador: planta nativa e endêmica do Brasil, ocorrendo nas regiões Sudeste e Sul. Tem colmo áspero e sólido que atinge 6m, ramos em forma de leque. Fornece material duro e resistente utilizado em cestaria. Também é conhecido por criciúma, gurixima, quixiúme, taquari e taquarinha.